domingo, 24 de agosto de 2008

Cartas de pessoas que se suicidaram

Sexo, Idade : F, 20
Cor : Parda
Meio: Tiro na cabeça
Forma de mensagem: manuscrito a tinta esferográfica azul

"São Paulo 18 de julho de l988
Edu estou deixando esta carta para mostrar a você o que sinto e o que estou sentindo.
Edu são 2:15 hs da madrugada não consegui dormir um minuto se quer esta tudo doendo dentro de mim só em pensar que ti perdi de verdade.
Du porque você fingiu, porque você mentiu para mim este tempo todo. Du não estou agüentando mais, está sendo duro resistir esta dor tão grande que estou sentindo dentro de mim e por viver assim preferi morrer.
Edu quando lembrar-se de mim lembre-se que ti amei e amei de verdade"

Sexo, Idade : F, 22
Cor : branca
Meio : precipitação em queda livre
Forma de mensagem: manuscrito
Obs: modelo

"Carlos
Eu precisava tanto falar contigo, pena, você não deixou. Vou morrer te amando. Eu te amo loucamente. Tudo o que fiz de errado, foi uma necessidade de estar com você outra vez.
Você não quiz me ouvir. Agora será impossível me ouvir outra vez. Eu te amo. Se tomei esta iniciativa foi simplesmente pelo fato de saber que nunca mais o teria de volta.
Por mim, peça desculpas à minha mãe. Diga a ela que eu a amo muito também porém não encontrei mais nenhuma existência para mim. Eu te amo, tudo o que fiz foi porque o amava demais. Tentei explicar isto à minha mãe: não se preocupe, será impossível te ligar outra vez.
(assinatura)
Eu, Márcia, dou meus olhos, meus cabelos e meu sangue a quem
precisar.
Juro estar dizendo a verdade, perante todos e a Deus.
(assinatura)
Sem ele não viver mais.
(assinatura)"

Sexo, Idade : F, 27
Cor : (descendente de orientais)
Meio : projétil de arma de fogo
Forma de mensagem : carta manuscrita a tinta azul

"A quem possa interessar:
Grande parte do que possuía foi vendida ou doada. O que resta, é minha vontade que seja entregue ao meu amigo João; o qual poderá dar a meus pertences o destino que lhe aprouver.
Nada deverá ser entregue a qualquer parente meu.
Quanto aos meus restos mortais, suplico encarecidamente; não o torturem com choros, rezas ou velas. É apenas a minha matéria e imploro que a deixem degradando-se em paz. A putrefação não é degradante. Se a humanidade permitisse que a natureza tomasse o seu curso, seria o renascimento da matéria.
Eu renasceria no vento que passa a murmurar, nas folhas que farfalham, no solo que abriga e alimenta milhares de seres vivos, na água que corre para o mar nas chuvas que regam os campos, no orvalho que cintila ao luar, nas grandes árvores que abrigam ninhos de passarinhos e que vergam a passagem dos ventos fortes, nos pequenos arbustos que escondem a caça do caçador...
Céus! Eu me vingaria se apenas uma de minhas partículas participasse do desabrochar de uma flor ou do canto de um pássaro. Romântico? Não! Foi o mundo, minha família, meu educador mas principalmente... foi o seio que aconchegou a criança que vinha lhe contar as suas tristezas, máguas, alegrias, pensamentos, e seus desejos íntimos... suas esperanças. A criança crescida quer voltar para lhe contar seus sofrimentos, desilusões, a morte de suas esperanças... para encontrar novamente o aconchego onde poderá descansar sua cabeça cansada e abatida e onde poderá, enfim, chorar as suas lágrimas que não encontram onde chorar.
Volto derrotada porque não fui capaz de viver, trabalhar e estudar não foram suficientes para mim. E foi tudo o que me restou. Prefiro morrer do que viver com a morte dentro de mim.
Perdoem-me ..., ..., ..., "

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Adiv

"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"

Charles Chaplin

è... ta na hora de mudar algumas coisinhas novamente em minha vida...

sábado, 2 de agosto de 2008

Small things

Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.

E voltou, então, à raposa:

- Adeus, disse ele...

- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...